O mercado de televisores que permitem projeção tridimensional está empacado. Os preços são altos demais e nem sempre o resultado justifica o investimento. O consumidor prefere investir em um televisor HD para ver os programas com resolução impecável no bom e velho 2D mesmo. E as vendas estão estacionadas.
Em 2010, após a febre de “Avatar”, diversos títulos passaram a oferecer a opção da jogatina tridimensional, como “Call of Duty: Black Ops”, “Superstardust HD 3D”, “Motorstorm: 3D Rift”, “Motorstorm: Apocalypse” e “Killzone 3”, entre outros. Neste primeiro semestre de 2011, a expectativa do lançamento do Nintendo 3DS reforçou a impressão de que o mercado sofreria um aquecimento considerável na corrida pela “novidade”.
O aparelhinho da Nintendo debutou no Brasil no GameWorld 2011 e foi um sucesso absoluto no evento. Ele realmente consegue reproduzir um efeito 3D sem uso de óculos e isso se refletiu nas previsões iniciais das vendas, que eram extremamente otimistas. No final de maio, o discurso começou a mudar.
A venda do 3DS nos EUA no primeiro mês foi tímida: apenas 400 mil peças. Até maio último, a Nintendo esperava vender um mínimo de 4 milhões de aparelhos no mercado americano, mas comercializou apenas pouco mais de 3,5 milhões. Em seu primeiro mês de mercado, o 3DS vendeu 100 mil unidades a menos do que o Nintendo DS, quando foi lançado em 2004. E ainda custa US$ 100 mais caro.
“O 3DS foi lançado em um mercado que já tem diversos outros dispositivos portáteis que oferecem suporte aos games em 3D, como tablets e smartphones”, disse informativo de maio último do NPD Group, empresa americana de pesquisa de mercado, tentando entender a decepção da Nintendo.
Para evitar que a plataforma tropece logo no início, a Nintendo promete incrementar o 3DS com um browser para a internet e acesso direto ao Nintendo eShop, além de permitir que donos de DSi e DSi XL possam transferir seus jogos para o aparelho. Até o Netflix, serviço streaming de filmes, promete chegar ao 3DS ainda neste ano.
Será que vai pegar?
O fato é que a tecnologia 3D existe desde o início do século 1920 e já está mais madura nas telonas do cinema. No mundo dos videogames, porém, ela acaba competindo com outras prioridades que os fãs de jogos consideram mais importantes, como qualidade gráfica e jogabilidade.
Em 2009, durante a feira de tecnologia CeBit, em Hannover, Alemanha, tivemos a oportunidade de testar em primeira mão a tecnologia 3D Vision, da Nvidia, que usa um inteligente jogo de sombras para dar tridimensionalidade a games comuns. O teste foi com “Tomb Raider” e sim, de fato dá um tempero a mais aos jogos antigos. Porém, nada que justifique adquirir um hardware só para isso.
Também jogamos “Motorstorm” no PS3 e "Pro-Evolution Soccer 2011” no 3DS e a impressão é a mesma: é legal, é divertido, mas cansa rápido. O fato é que o grande público não vê a jogatina em 3D como algo essencial, que traz algo tão inovador que causa o impulso do consumidor para sacar imediatamente o cartão de crédito, como aconteceu com o Wii e com o Kinect, por exemplo. E isso acaba se refletindo nos números.
Jogar em 3D é legal, mas ainda falta aquele “algo mais” para se transformar numa febre. O que o jogador encontra na jogatina 3D que não acha em nenhum outro lugar? O dia que a indústria responder a essa pergunta, o 3D vai virar parte da paisagem do mundo dos videogames, como já é no do cinema. Enquanto isso, (ainda) é só uma curiosidade.
Artigos Relacionados: