16/09/2011

Crimson Alliance

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Uma aventura rasa e insossa


“Você e seu grupo chegam a uma cidade. O mago vai à frente e se assusta com o que vê, enquanto o mercenário e a assassina que o acompanham não entendem o porquê de tanto espanto diante de um vilarejo que há muito tempo parece ter sido abandonado. Quando o feiticeiro ensaia uma explicação sobre o que aquele lugar um dia representou, seu grupo ouve um estranho e assustador grunhido vindo dos escombros. O que você faz?”
Se hoje o conceito de RPG está diretamente ligado à imagem de evolução de personagens e exploração de cenários quase infinitos, por muito tempo o termo foi designado ao estilo de jogo em que as pessoas interpretavam seus personagens e criavam, a partir de descrições como a feita no parágrafo anterior, mundos e aventuras inteiras. Em todas essas histórias, porém, um padrão: as tramas predominantemente medievais e a existência de um grupo.

Essa pequena “aula” é necessária para explicar a essência de Crimson Alliance, game que chega ao Xbox 360 com exclusividade pela Xbox LIVE Arcade. O título recria exatamente o espírito das partidas do RPG clássico, sobretudo em relação à exploração em conjunto. O problema é que, assim como outras tentativas de reproduzir a fórmula que nasceu fora dos video games em sistemas domésticos, o jogo também acompanha falhas que comprovam que as planilhas ainda são melhores do que o joystick em alguns aspectos.

Aprovado

Sigam-me os bons
O grande mérito de Crimson Alliance foi ter conseguido aproveitar o espírito coletivo do RPG original e tê-lo adaptado muito bem nos consoles. Ainda que seja possível participar de uma aventura no modo para um único jogador, a grande diversão está em começar uma jornada ao lado de companheiros.
Logo de início, você possui três opções de personagens disponíveis para seleção: o mercenário, o mago e a assassina. Cada um possui características e ataques próprios, o que contribui para que a união dessas classes torne a jogabilidade bem variada e versátil. Seja com amigos ao seu lado ou com desconhecidos pela internet, o modo cooperativo torna tudo mais divertido, além de recompensador, pois existem pequenas tarefas e desafios que só podem ser concluídos com a presença de um aliado.


Por mais que, na prática, não haja diferença entre as modalidades single e multiplayer, a empolgação é nitidamente maior quando há mais guerreiros em cena. Como será visto adiante, Crimson Alliance possui vários problemas, mas a bagunça criada quando há um grupo consegue “maquiar” algumas dessas falhas, principalmente enquanto o mercenário abandona o mago à própria sorte para pegar todo o tesouro, por exemplo.

Reprovado

Raso até o fim
Como você conferiu no artigo que detalha os métodos de análise do Baixaki Jogos, os emblemas servem para evidenciar alguns pontos que se destacam positiva e negativamente em determinados jogos. Porém, há alguns títulos que são, por si só, grandes resumos dessas medalhas. É o caso de Crimson Alliance, cuja imagem poderia representar o troféu “Morreu na praia”.
Não é preciso nem avançar muito no game para perceber que o game realmente não possui profundidade alguma. Ao contrário dos RPGs clássicos nos quais se inspira, a produção da Certain Affinity não consegue criar um universo em que a exploração e o combate empolgam por muito tempo. A mecânica de “avance, derrote os mesmos inimigos, pegue o tesouro e avance novamente” é repetida tantas vezes e sem alterações que bastam alguns minutos para que você queira desligar o console.
Não há nem mesmo tarefas que desafiem sua inteligência. Com uma estrutura extremamente linear, você precisa apenas colocar seu herói na trilha já estabelecida e enfrentar o que surgir em sua frente. Se houver algum obstáculo no caminho, a solução se resume em destruí-lo na porrada ou procurar uma forma de contornar o problema. Armadilhas ou quebra-cabeças são contos de fadas e não têm espaço nessa jornada, infelizmente.
Até mesmo o sistema de personagens deixa muito a desejar por conta de sua superficialidade. Por mais que as classes tenham habilidades diferentes, na prática, é tudo a mesma coisa. Um ataque fraco, um forte e algo para ganhar tempo contra múltiplos inimigos. A clássica diferenciação entre guerreiros especialistas em ataques físicos e em golpes à distância quase não possui espaço ou utilidade, pois o que realmente muda entre o mercenário e o mago, por exemplo, é o visual. Isso significa que você não precisa se acostumar a um estilo e reaprender a jogar com outro aventureiro, pois a homogeneização deixa tudo sem o desafio básico de um RPG.
A própria personalização deixa a desejar. Ao criar seu guerreiro, as únicas alterações permitidas são o nome e as cores de suas roupas. Seu equipamento é modificado durante a aventura, mas nada grandioso ou significativo.

Multiplayer incômodo
Como dito anteriormente, o grande ponto positivo de Crimson Alliance é seu modo multiplayer. No entanto, o que acontece quando o principal destaque é também seu maior problema?
Isso não quer dizer que a modalidade seja ruim, mas certamente irá estressá-lo quando você estiver jogando e um amigo chegar ao seu lado pedindo para também entrar na brincadeira. Isso porque você terá de sair da história e recomeçar tudo, pois é impossível adicionar um novo jogador no meio da fase. Qual a dificuldade em fazer isso?

A raiva irá voltar logo após seu colega se cansar de enfrentar os mesmos inimigos e decidir abandonar a partida. Sabe aquela opção que faz o segundo player desaparecer da tela? Ela não existe, o que significa que você terá de sair do nível novamente para recomeçá-lo pela segunda ou terceira vez. Se até aí você não desistiu, é porque você é realmente um bárbaro.

Vale a pena?

Crimson Alliance tinha tudo para ser um divertido game para a Xbox LIVE Arcade que reaproveita a fórmula dos RPGs de mesa para criar uma aventura tão descompromissada quanto aquelas narradas por um mestre. No entanto, o resultado final é tão sem graça que você mal sente vontade de terminar a primeira campanha.
O curioso é que, apesar dessas falhas, ele não é ruim, sendo melhor que muito game lançado em disco neste ano — ainda sinto arrepios ao me lembrar de Knights Contract, por exemplo. O problema é que o game é tão genérico e insosso que fica complicado querer avançar para o próximo nível.

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