Um dos gêneros mais representativos dos video games, os RPGs de ação tem o seu lugar no coração de muita gente. Afinal, a classificação engloba títulos de sucesso como os da série Diablo, dona de uma das legiões de fãs mais fiéis do mercado, além de possuir diversas variações (como a em primeira pessoa, encontrada em Fallout).
No entanto, nem todos sabem quando é que os RPGs — originados dos jogos de tabuleiro e inicialmente baseados em turnos — mesclaram elementos de ação em tempo real à sua jogabilidade.
Desse modo, o Baixaki Jogos elaborou este artigo no qual buscamos a origem deste gênero, descobrindo como as mudanças foram aplicadas aos jogos e como se diversificaram ao longo do tempo.
No início era o turnoDa mesa para os consoles
O clássico Dungeons & Dragons, o RPG de mesa considerado por muitos como o criador do gênero, também conseguiu exercer a sua influência no campo dos jogos eletrônicos. Entre o final da década de 70 e o início da de 80, enquanto fliperamas e consoles caseiros popularizavam títulos de entretenimento imediato (como Pong e Pac-Man), aplicativos inspirados em Dungeons & Dragons eram feitos para os computadores com mais memória — necessária para armazenar as variáveis dos games.
No entanto, alguns elementos típicos do gênero nascido nas mesas começaram a surgir em jogos nos consoles mais ou menos nessa época. É possível citar o título Adventure, lançado para o Atari VCS em 1978 que, embora não apresentasse elementos do RPG, é um dos primeiros registros em que um protagonista se aventura em dungeons em busca de chaves e armas mais poderosas, alguns anos antes do lançamento de The Legend of Zelda.A popularização e a evolução dos arcades e dos consoles caseiros, contudo, permitiram que Gauntlet fosse lançado alguns anos mais tarde, em 1985. Embora o game ainda não contivesse elementos de ação, ele foi considerado inovador por combinar a exploração de ambientes com o desenvolvimento de classes de personagem.
O nascimento de um gênero
É difícil determinar uma data exata ou um jogo específico em que os RPGs de ação nasceram oficialmente. Como visto anteriormente, vários títulos começaram a buscar inovações para se diferenciar da concorrência, fazendo com que lentamente o gênero fosse formado.
Desse modo, é no início dos anos 90 que os primeiros modelos mais próximos daquilo que viriam a ser os RPGs de ação começam a surgir. É possível citar o jogo Ultima VII, lançado em 1992 para o sistema DOS, como um dos primeiros a introduzir combates em tempo real.
Já o game Ultima Underworld, lançado no mesmo ano e situado no mesmo universo do game anterior, é o primeiro também a introduzir gráficos tridimensionais (antes mesmo de Wolfenstein 3D). Contudo é The Elder Scrolls: Arena que, em 1994, constrói uma parte entre a jogabilidade inaugurada em Ultima Underworld e o conceito de exploração de mundos fantasiosos.
Evoluindo em tempo realA era dos primeiros sucessos
A partir da segunda metade da década de 1990, o gênero dos RPGs de ação já está bastante consolidado no mercado, apresentando uma grande variedade de títulos. É em 1996, contudo, que o lançamento de dois jogos marcam uma verdadeira revolução.
No dia 31 de agosto de 1996, a Bethesda lançou the The Elder Scrols II: Daggerfall, o RPG de ação contendo o maior mundo físico até então. Além disso, o título marcou o final da divisão do combate por turnos, separando de vez o seu gênero dos RPGs comuns.
Já no dia 30 de novembro do mesmo ano foi a vez do lançamento de Diablo, possivelmente o game mais influente dentro do estilo. Afinal, a criação da Blizzard consolidou a jogabilidade Point-and-Click, além de ser até hoje referência em enredo e tratamento (a trilha sonora do game, composta por Matt Uelman, é uma das mais lembradas entre os gamers).
Os anos 00
Após alguns anos cheios de lançamentos tentando clonar o sucesso do megahit da Blizzard, a companhia lança a sequência Diablo II no ano 2000, que poderia ter aumentado ainda mais a fama do primeiro jogo da série caso não fosse igualmente bem-sucedida.
No mesmo ano, a Eidos publica Deus EX, um dos grandes jogos de sua era, é lembrado até hoje pelas suas múltiplas possibilidades narrativas, possibilitadas pelo grande número de escolhas permitidas ao jogador.
No entanto, a década também marca a entrada de elementos típicos dos RPGs em diversos gêneros, fazendo a distinção ficar cada vez mais complicada. Invisible Wars, a sequência de Deus EX, por exemplo, traz uma narrativa muito mais linear do que a de seu predecessor, além de exigir menos do desenvolvimento do personagem do que da habilidade dos jogadores. Algo que o faz ser classificado por muitos como um simples FPS, independentemente do histórico da série.Ainda assim, grandes pérolas também se originaram nesse período, como Fable, de Peter Molyneux, cuja mecânica maquineísta e o desenvolvimento visível do protagonista foram os responsáveis pela recepção calorosa do jogo pelo público e pela crítica.
A sétima geração e o futuro do termo
Durante a atual geração de consoles, os RPGs de ação foram revitalizados com o retorno, em 2008, da série Fallout. Juntamente com títulos como Borderlands, a franquia da Bethesda apresenta o gênero sob a perspectiva da primeira pessoa, sem ignorar a importância do desenvolvimento dos personagens.
Este último aspecto também é levado extremamente a sério por Mass Effect 2, um dos grandes títulos do gênero, lançado no início de 2010. A presença desta característica neste e em outros jogos, contudo, é tão intensa que leva alguns especialistas a acreditar que as barreiras entre os jogos de ação e os RPGs passarão a inexistir em breve.
O designer de conteúdo Kevin Martens, de Diablo III, cita BioShock e Grand Theft Auto: San Andreas como exemplos da tendência. Apesar de focarem em seus determinados gêneros e jogabilidades, a existência da evolução dos protagonistas torna a experiência de jogo de cada usuário diferente e, portanto, única. Um grande atrativo para os jogos.
Se isso é verdade ou não, ainda é cedo para definir. Mas o que com toda a certeza é inegável é o legado dos RPGs de ação para o desenvolvimento da história dos video games.
Fonte: BJ











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