Há mais de duas décadas, a caçadora de recompensas Samus Aran pisava pela primeira vez no inóspito planeta Zebes. Onze títulos e muitos prêmios depois, Metroid não apenas se mantém como um dos carros-chefes da Nintendo, como também é considerada unanimemente uma das franquias mais proeminentes da história dos vídeo games, tendo, ao longo dos seus 25 anos de existência, definido boa parte dos elementos que devem ser encontrados em uma boa aventura espacial.
Nada absolutamente original, é verdade. De fato, não é difícil perceber que Metroid trazia em seus genes muito do que definia duas outras grandes franquias da Nintendo, Mario e The Legend of Zelda. Deste as desventuras espaciais do à época ainda festejado Nintendinho herdaram uma estrutura não linear de exploração, enquanto que o ícone-mor da produtora emprestou seu estilo inconfundível de ação.
Mas a própria escolha de Samus Aran como protagonista de um blockbuster representava algo sem precedentes para meados dos anos 80. Afinal, onde antes teria sido possível encontrar uma heroína como personagem principal de um game de ação? Ok... Você apenas descobriria isso no final, e não sem um pouco de sorte. Mas a intenção é que conta, certo?
É claro que ter uma mulher no comando não foi o único ponto genuinamente desenvolvido por Yoshio Sakamoto e Cia. Afora o clima solitário e sombrio que permeia todos os jogos da série, Metroid ainda convidava os jogadores a atravessarem seus inúmeros perigos no menor tempo possível — elemento comumente denominado de speedrunning. Dependendo da sua performance, o jogo reservaria um final distinto (por exemplo, mostrando certa protagonista de biquíni).
É claro que nem tudo foram louros ao longo dos anos. Metroid conta com alguns hiatos um tanto quanto inexplicáveis (Nintendo 64... Alguém?), e jamais chegou a encher tanto os cofres da Nintendo quanto suas marcas mais populares. Mas isso certamente não diminui a relevância de uma história em sua maior parte marcada por sucesso quase absoluto de público e crítica. A propósito, talvez seja o momento para conferir o curriculum vitae da introspectiva Samus Aran...
Metroid: 25 anos e 11 títulos depoisAs caçadas espaciais vão do Nintendinho ao Wii
Embora com algumas variações, Metroid sempre tratou das aventuras de Samus Aran, espécie de mistura entre caçadora de recompensas e agente de elite, cuja incumbência é livrar o novo e interligado universo da Federação Galática da ameaça representada pelos Piratas Espaciais. Bem, não tanto os piratas quanto sua mais nova arma biológica: os Metroids. Confira abaixo todas as incursões espaciais de Samus Aran ao longo dos 25 anos da franquia.
- Metroid (1986)
Após um sucesso estrondoso com Mario e Zelda, a Nintendo decide trabalhar em um novo jogo de ação. Entre outras coisas, a produção foi definida à época como tendo um “ambiente bastante livre para explorar”. Lançado em 1986, o primeiro game conta a primeira incursão de Samus ao planeta Zebes, cujo objetivo é parar a exploração da espécie sintética Metroid pelos Piratas Espaciais.
- Metroid II: Return of Samus (1991)
A Federação Galática passa a considerar a existência dos Metroids como uma ameaça por si só. Dessa forma, Samus Aran é novamente recrutada, devendo agora viajar até o planeta original das espécie, o SR388, para exterminá-la de uma vez por todas.
- Super Metroid (1994)
Sem dúvida um dos jogos mais celebrados da franquia, tendo recebido críticas positivas e acaloradas à época do seu lançamento. Após receber um sinal de socorro, Samus retorna ao laboratório Ceres... Apenas para encontrar o vilão Ridley roubando um filhote da temida espécie. É hora de retornar ao planeta Zebes e à uma base reconstruída, na qual os piratas tentam novamente desenvolver Metroids para usá-los como armas.
- Metroid Fusion (2002)
Lançado para Game Boy Advance, Metroid Fusion traz a própria Samus infectada por uma criatura nativa do pouco amigável planeta SR388. Trata-se da X Parasite, originalmente uma presa da espécie Metroid.
- Metroid Prime (2002)
Lançado em 2002, Metroid Prime colocou fim a uma espera de oito anos. Finalmente Samus Aran entrava na geração dos shooters em primeira pessoa, abandonando temporariamente o formato Side-Scrooler. A trama tem início com uma viagem ao planeta Tallon IV, onde novamente os Piratas Espaciais tentam transformar uma espécie alienígena em arma.
- Metroid Prime 2: Echoes (2004)
Em Metroid Prime 2, Samus é enviada para investigar o planeta Aether após o desaparecimento de um grupo de fuzileiros da Federação Galática. Trata-se de uma nova ameaça: uma raça alienígena capaz de possuir qualquer forma de vida.
- Metroid: Zero Mission (2004)
Zero Mission oferece uma continuação às desventuras do primeiro game da série. Após destruir a Mother Brain, Samus é emboscada pelos Piratas espaciais e tem sua nave derrubada. Sem seu traje e seu meio de locomução, o negócio é encontrar uma forma de se infiltrar na nave-mãe dos Piratas Espaciais.
- Metroid Prime Pinball (2005)
Trata-se da mesma história que embalou Prime... Só que em formato Pinball.
- Metroid Prime Hunters (2006)
A Federação Galáctica recebe uma mensagem telepática bastante incomum, o que conduz Samus Aran ao remoto Alimbic Cluster, na galáxia Tetra. Rumores apontam para algo chamado de “O Poder Supremo”.
- Metroid Prime 3: Corruption (2007)
Os Piratas Espaciais realizam um ataque bem sucedido à rede de computadores da Federação Galática, o que ocasiona um embate de grandes proporções. O objetivo do grupo permanece o mesmo: espalhar armas biológicas por todos os cantos do espaço conhecido.
- Metroid Prime: Trilogy (2009)
Trata-se de uma compilação reunindo os três títulos da série Prime, Metroid: Prime, Metroid Prime 2: Echoes e Metroid Prime 3: Corruption.
- Metroid: Other M (2010)
Pesquisas ilegais com novas armas biológicas, um pedido de socorro e encontros com velhos amigos. Ademais, o que poderia acontecer caso alguém conseguisse tornar os Metroids imunes ao frio? Isso os deixaria virtualmente indestrutíveis, é claro.
O que Metroid tem a ver com o Pelé?Curiosidades e o futuro da franquia espacial da Nintendo
Em uma entrevista concedida ao periódico japonês Nintendo Dream, Hiroji Kiyotake e Yoshio Sakamoto revelaram a origem do estranho nome escolhido para a franquia intergaláctica da Nintendo. A resposta é provavelmente mais banal do que muita gente pensaria. Metroid surge como uma simples junção de duas palavras. “Nós juntamos ‘android’ e ‘metro’, e isso nos deu ‘Metroid’”, afirmou Sakamoto. Caso não ocorresse insight, muito provavelmente o game teria acabado com um prosaico “Space Hunter”.
Mas a escolha do nome da protagonista foi algo um tanto mais... Inusitado. Segundo Kiyotake, Samus Aran surgiu (de alguma forma) do nome de Edson Arantes do Nascimento, o nosso bom e velho Pelé. “Se era para dar um nome diferente, eu preferia fazer referência ao nome do Pelé”, afirmou Kiyotake.
Outra: quem imaginaria que o nome do planeta nativo dos Metroids teria surgido do nome de um motor de moto? Exatamente. “Na Yamaha, há uma série chamada SR400 e, embora naquela época ela fosse considerada de 400cc, não havia outra escolha que não 388cc”. Pois é, para quem acreditava em uma inspiração divina para os nomes consagrados de Metroid...
O futuro
Enfm, fato é que Metroid completou seus 25 anos de idade. Sobre o futuro? Bem, há quem diga que Samus Aran deve se manter como marca consagrada da Nintendo... Embora sempre alguns passos atrás das franquias maiores da publicadora — o que talvez justificaria a pouca atenção dada ao aniversário da série até aqui.
Segundo os conspiradores de plantão, a justificativa seriam as vendas relativamente modestas ao longo dos anos, sobretudo em comparação aos dois ícones maiores da Nintendo, Mario e Zelda. A solução? Tornar Metroid mais “fácil de incluir”. Simplificar a fórmula. Isso não apenas daria um apelo mais amplo, como também cairia como uma luva diante dos onerosos processos de desenvolvimento requeridos pelos consoles mais novos (o Wii U, por exemplo).
Especulações à parte, o negócio é esperar pelos próximos 25 anos de ameaças espaciais e armas biológicas.
Artigos Relacionados: