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28/09/2011

Bodycount

Prepare-se para uma contagem de... Decepções

Todos sabem que o gênero FPS (tiro em primeira pessoa) está inundado. Nesta geração, notamos uma ascensão gigantesca desse estilo, o que acabou proporcionando muitos games inovadores e que conseguiram aprimorar significantemente os tiroteios. Em contraparte, sua popularização também rendeu muitos jogos genéricos. E, infelizmente, Bodycount é um jogo que se adéqua à frase “é só mais um jogo de tiro em primeira pessoa”.
A criação de Stuart Black, responsável pelo conceituado Black, game de FPS lançado para PC, PlayStation 2 e Xbox, parece estar parada no tempo. Não existe praticamente nada de inovador no título, que mais parece uma colcha de retalhos que une diversos conceitos de FPS diferentes e, por isso, é incapaz de se tornar uma obra autêntica.

A começar pela trama, que coloca o jogador como um mercenário de uma companhia conhecida como The Network. O objetivo dessa corporação é desarmar conflitos que assombram os países de terceiro mundo, utilizando a força bruta para matar pessoas e explodir tudo o que aparece pela frente. Ou seja, apenas uma desculpa para que você possa repetir uma fórmula que já estamos cansados de conferir.
Em poucas palavras, Bodycount é como uma formiga em um gênero dominado por gigantes e você tem grandes chances de querer pisoteá-la. Confira mais detalhes.

Aprovado

Aproveitando a munição dos outros jogos
Conforme mencionamos, Bodycount é como uma colcha de retalhos. Sendo assim, você certamente encontrará vários elementos de jogabilidade que parecem ter sido retirados diretamente de outros jogos de sucesso.
Antes de entrarmos nos detalhes, vale a pena ressaltar que o esquema de jogo do game é bem simples. Qualquer jogador do gênero FPS se adaptará tranquilamente ao título, que faz uso de diversas armas, explosivos e recursos especiais que auxiliam o jogador em sua matança.
Não há como negar que Bodycount conta com algumas armas bem interessantes e que tornam a experiência até divertida. Além de permitir que o jogador possa correr loucamente para enfrentar seus oponentes, o jogo também oferece ambientes bem espaços, possibilitando que você explore bem o local e utilize suas ferramentas de destruição da maneira que bem entender.

Dentre as armas mais bacanas do game, temos a pistola de alto calibre e o rifle futurista. Ambas causam um estrago considerável e realmente se diferenciam do que estamos habituados no gênero. Destaque para a metralhadora, que consegue acabar rapidamente com qualquer obstáculo que estiver sendo utilizado como cobertura pelos oponentes.
Fora isso, Bodycount também apresenta um sistema de habilidades. Durante a jogatina, você notará que os inimigos mortos deixam ícones que representam pontos de experiência. Ao adquirir certa quantidade, você pode utilizar as habilidades especiais, que variam desde um aprimoramento em sua munição, tornando-a explosiva, até a possibilidade de chamar um ataque aéreo para finalizar com tudo.
No multiplayer, isso se torna ainda mais interessante, já que os pontos derrubados pelos jogadores permanecem no chão até que alguém pegue. Isso fazendo com que algumas áreas de conflito estejam sempre inundadas por pontos, obrigando os jogadores a correr para adquiri-los e ampliando a intensidade da batalha. Uma boa tentativa para quebrar a velha fórmula “correr e atirar”.

Reprovado

Pra boi dormir
Infelizmente, Bodycount está repleto de pontos negativos. Muitos deles se contrapõem com as tendências atuais dos games do gênero FPS, que vêm apostando cada vez em uma narrativa, por exemplo.
Em Bodycount, a história não recebe destaque algum, sendo realmente apenas uma desculpa para que o jogador possa matar qualquer ser que apareça em sua frente. O roteiro é bem genérico, colocando o gamer no famoso papel de mercenário que luta apenas pelo dinheiro, mas acaba mexendo com todo o funcionamento do mundo, se tornando, inevitavelmente, um alvo de grandes milícias — só assim para podermos notar alguma progressão durante a jogatina, caso contrário, a fórmula seria ainda mais repetitiva.
O fato de termos uma narradora que não aparece em nenhum momento também piora a situação. O jogador definitivamente não se sente engajado com a trama, que, assim como o restante do game, desaponta por ser tão superficial.

Ajustes desnecessários
Outro fator que certamente irá incomodar os jogadores está relacionado à jogabilidade. O sistema de cobertura do game é bem estranho — do tipo “tentamos inovar, mas não conseguimos”. Você deve pressionar o gatilho esquerdo para acionar o “zoom” da arma — não é possível atirar usando a mira acoplada às armas — e isso faz com que seu personagem fique, literalmente, plantado no chão.
Com o zoom acionado, o analógico esquerdo passa a ser utilizado para comandar os movimentos do corpo do jogador. Você não pode andar, mas apenas se agachar, levantar e se inclinar para os lados. A sensação é bem estranha, pois, além de parecer que seus pés foram pregados no chão, também temos uma movimentação irregular e até engraçada — parece que você está dançando com um bambolê. Em vez de tornar tudo mais dinâmico e prático, esse sistema só atrapalha.
Faltou capricho
Além de contar com gráficos ultrapassados — talvez o visual de Black seja mais interessante —, Bodycount também tem uma inteligência artificial decepcionante, apresentando inimigos que não se protegem e correm como suicidas em sua direção. Como se não bastasse, a campanha, que dura apenas cerca de seis horas, não empolga, já que tanto as habilidades quanto às armas (apenas 10) limitam a experiência que já é repetitiva.
O sistema de destruição tenta ser completo, mas está muito longe disso. Enquanto o jogador pode destruir estruturas de madeira, outros objetos mais simples, como portas e paredes improvisadas, simplesmente são indestrutíveis, assim como potes de vidro e outros elementos. Algumas paredes podem cair com algumas balas, enquanto outras não. Essa dúvida só denigre a experiência e impede que os jogadores a destruição como estratégia, algo que deveria ser essencial para o game.

O título também apresenta um modo multiplayer, que só merece destaque pelo efeito causado pelos pontos de experiência. Fora isso, temos apenas dois modos, Deathmatch e Team Deathmatch, que geram apenas experiências simplórias. Há também um cooperativo para até dois jogadores, que conta com quatro fases e apresenta ondas e mais ondas de oponentes que devem ser derrotados pela dupla. E é só.

Vale a pena?

Bodycount seria um jogo muito interessante se tivesse sido lançado na geração passada. Infelizmente, a experiência não pode ser classificada como nada além de “genérica”, já que o título aproveita vários elementos de outros jogos e por isso não se torna sólido o suficiente para impactar os jogadores.
Tiros e mais tiros, uma história muito fraca, modos limitados no multiplayer, poucas armas, poucas horas de jogo e gráficos ultrapassados. Em vez de uma contagem de corpos, temos uma contagem de problemas.

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